segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Análise do jogo Final Fantasy XIII





A série Final Fantasy conquistou seu espaço no mundo dos games graças à qualidade atribuída aos games da franquia, com uma produção muito competente, que se tornou marca registrada ao longo dos 12 episódios principais da série de RPG. Belos gráficos, trilha sonora marcante, enredo envolvente, personagens carismáticos e marcantes, mundos únicos, sistemas de batalhas criativos e divertidos, side quests e muitas horas de diversão. Final Fantasy é reconhecido por este conjunto da obra, difícil de encontrar em outras séries de RPG. Ao longo dos anos, o mercado passou por mudanças, assim como os jogadores, e por isso muitas séries deixaram de existir por não aderirem ao novo gosto dos consumidores, e outras sofreram mudanças e se mantiveram no mercado, muitas vezes desagradando velhos fãs e conquistando outros novos.
Poucas séries podem dar-se ao “luxo” de comemorar 20 anos de sucesso e Final Fantasy é uma destas poucas. O primeiro foi lançado no ano de 1987 e 23 anos depois, chega à décima terceira edição, ainda causando e batendo recordes de vendas. Este é o “Fenômeno Final Fantasy”. Mas será que esta edição continua a manter a “magia” responsável por todo esse sucesso da franquia? Será que Final Fantasy XIII é capaz de agradar os fãs antigos e absorver novos fãs? Espero que esta review possa ajudá-los a encontrar a resposta.

Não vou discutir muitos detalhes do enredo ou de como funciona o sistema de batalhas, pois já foi extremamente bem descrito pelo Reiki ao longo deste tópico. Meu objetivo é mostrar alguns detalhes que julgo importante para o fator final, aquele onde você agrega o valor final ao jogo, desde o “terrível” ao “marcante” e assim contribuir com o tópico. Não esqueçam que trata-se da minha opinião e tento ser o mais coerente possível.

Gráficos
A primeira coisa que chama atenção em FFXIII são os gráficos. Estes estão belíssimos e mesmo com certas texturas não tão impressionantes assim, a direção de arte é de muito bom gosto o que é responsável por cenários belíssimos, com alto nível de detalhamento e efeitos. Um dos poucos jogos que me fizeram parar para observar e apreciar a paisagem, ou até mesmo tentar diferenciar certas cutscenes de reais ou Cgs. Falando em Cg, estas continuam fantásticas, tanto em conteúdo quanto em qualidade técnica. Porém, o maior destaque fica por conta dos personagens. O nível de detalhamento é absurdo e a animação beira o natural. Aqui temos pele com manchas, vasos superficiais, linhas de expressão, marca dos ossos, além da expressão facial bem caracterizada. Além disso, a textura dos personagens está perfeita, e apesar de algumas mãos meio quadradas aqui e acolá, o nível de movimentação e detalhes se aproximam da perfeição, sem exageros. A câmera é um pouco confusa, porém nada que atrapalhe. Na maior parte do tempo ela é semi-livre, pois permite ver a maior parte do cenário, mas na maioria deles, você não consegue ver o teto, por exemplo. Já nas batalhas, a câmera é muito dramática e garante ângulos impressionantes das lutas, porém se foca mais no líder.

Som
A trilha sonora, elaborada pelo talentoso Masashi Hamauzu, pode ser considerada a melhor da série, também sem exageros e sem desmerecer o mestre Nobuo Uematsu. É extremamente variada, moderna, mas sem perder o tom épico. Você vai encontrar aqui desde rock e eletrônico até jazz, blues, bossa nova e ópera! Além disso, o tema de batalha é o mais empolgante já produzido na série e o game ainda conta com inúmeros e divertidos temas de chefe. Os efeitos sonoros também são ótimos e contribuem muito para aquela deliciosa confusão na hora da batalha.

Enredo
O enredo de Final Fantasy XIII tem dois grandes prós e dois contras. Por conta dos prós, o enredo é muito significativo, mas a presença de certas falhas impede com que este seja perfeito, mas longe de ser ruim, aliás, bem longe.
Vamos falar primeiro dos prós. Uma das melhores coisas neste enredo é a narrativa, impetuosa, e que se foca não em salvar o mundo ou lutar contra alguém megalomaníaco e sim na sobrevivência. O que ajuda na narrativa são os personagens - o segundo fator positivo. São os melhores da série, sem dúvida. Eles possuem uma causa real, não são exagerados, e até seus dramas são compreensíveis. Assemelham-se a pessoas normais. O dilema na qual eles se encontram promete grandes momentos. Além disso, a narrativa se volta para a relação entre os personagens, por isso, embora Lightning seja a protagonista título, os seis são praticamente os protagonistas do FFXIII.
Porém, como nada é perfeito, o enredo tem duas falhas aparentes. Primeiramente, a tão elogiada narrativa, acaba funcionando como uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que ela se foca nos personagens, acaba por não dar atenção devida aos npcs e a alguns detalhes da trama. Os npcs poderiam ser os melhores da série, as cenas em que aparecem são ótimas, mas não são explorados ao nível que mereciam. A trama acaba ficando com alguns buracos, deixando a sensação de que poderia ser explorada mais. Porém, o resultado final permite um enredo intenso, frio, e com muita coisa nova na série, apesar de alguns clichês.

Jogabilidade/Diversão
Assim como o enredo, aqui temos alguns prós e contras. O sistema de batalha, à semelhança do enredo, também é ágil e brutal. As batalhas são divertidíssimas, cheia de detalhes e estratégias. O problema é que se pode levar horas até conseguir ordenar na sua cabeça toda aquela bagunça. Porém, após esta fase, esta bagunça toda acaba se tornando muito divertida e coerente. Apesar de não poder movimentar os personagens nos cenários, a forma como eles se movimentam, a posição, a hora de atacar e como atacar faz toda a diferença no campo de batalha. As batalhas são bem realistas e estratégicas, e a IA dos outros sois personagens é bem eficiente e observá-los ajuda muito para aprender novas estratégias. O legal é que mesmo depois de dezenas de horas de jogo você vai descobrir um método ou movimento novo. As batalhas contra os chefes são épicas, as melhores de toda a série, e exigem pensamento rápido. Você vai gritar, xingar, vibrar, torcer, sorrir. São muito divertidas.
O sistema de evolução pelo Crystallium é parecido com o FFX, porém você tem vários “tabuleiros” para cada personagem e cada personagem tem um caminho diferente, mesmo para a mesma role, o que garante personagens únicos. Além disso, mesmo que você evolua bem, os níveis do Crystallium são liberados por capítulo, o que te impede de ficar super forte, contribuindo para a tensão nas batalhas difíceis. Nesta hora que o lado administrador entra, ao usar o sistema de Reforma de Armas e Acessórios, que exige saber escolher qual arma/acessório evoluir, como e com quais itens, já que dinheiro aqui é lenda.
Mas como nada é perfeito, existem também problemas. O jogo é linear sim, como todo FF, só que mais ainda. Os cenários são longos e cheios de itens. O problema não está nisso, pois até ajuda na confecção da narrativa. O que atrapalha é que o ritmo frenético acaba cansando em certas partes, exigindo um pouco de paciência para passar alguns capítulos. Porém logo você chega em Pulse e tem um cenário gigantesco, aberto e extremamente bem ambientado. Aqui você pode procurar itens, desenterrar tesouros com o Chocobo e lutar contra as 64 missões, além de tentar a platina. Porém, a não ser que você queira platinar o jogo, não há muito que fazer de extra. A maioria das missões explora pouco o sistema de batalhas e em muitas delas são inimigos que você já encontrou por aí. Não são tão divertidas como o do FFXII, mas ainda sim são legais. Além disso, achei meio ridículo o sistema de conseguir as armas finais, já que você depende muito mais da sorte para conseguir os itens raros e caríssimos, um bom desperdício do nosso tempo neste quesito, que poderia ser mais bem aproveitado.

Por fim, FFXIII adicionou grandes mudanças na série, principalmente a narrativa. É dela que provém a maioria dos acertos e quase todos os erros. Foi uma idéia interessante, que pode ser novamente utilizada em outro game, porém com algumas modificações. Trata-se de um grande game, belos gráficos, ótima trilha sonora, sistema de batalha divertido e viciante, além de um grande enredo e personagens excelentes. Tinha tudo para ser o melhor, mas encontrou algumas pedras nos caminhos. Os erros não desmerecem o game, mas faz com que este perca um pouco da magia, que pode influenciar em muitos fãs mais intolerantes e menos suscetíveis a mudanças. Ainda sim, é digno de levar o título de FF e já está entre meus preferidos. O replay é alto, pois leva todos os fatores em conta, principalmente rever as cenas e cenários e as lutas, porém peca na parte de extras. Ainda sim, parabéns mais uma vez a Square Enix, dando novo rumo à série, fator fundamental por mantê-la viva até hoje.