domingo, 15 de março de 2009

Filme: Cidadão Kane


Recentemente fomos bombardeados com inúmeras listas, em sites, livros, programas, etc. Tais listas procuravam elencar aqueles livros, lugares, pratos, peças, filmes que deveriamos aproveitar antes de morrer. Tratando-se de filme, em grande parte das listas referidas aos longas mais importantes, Cidadão Kane encontra-se no topo de várias, sendo considerado, por muitos, como o melhor ou um dos melhores filmes já produzidos pela sétima arte. Então lá fui eu, assistir um filme de 1941, preto e branco, na expectativa de ou concordar com a crítica, ou sair desapontado por ter disperdiçado 2h da minha vida em um filme sem graça, antigo, entediante. Não são assim os filmes antigos? Após as 2h, precisei rever meus conceitos.
Cidadão Kane é um clássico. Uma real obra de arte. genial, do início ao fim. Inovador, audacioso, perfeito. Se hoje você se diverte assistindo filmes com grandes lances de filmagem, efeitos, direção, tudo só foi possível graças a audácia do jovem e genial diretor Orson Welles, que tinha um pouco mais de 20 anos, quando assumiu o roteiro e a direção do filme.
O filme narra a história de Charles Foster Kane, de construiu uma das maiores fortunas, estabelecendo um poderoso império jornalístico. Só que sua história de vida é contada de uma forma, até então, totalmente diferente, do ponto de vista de pessoas que conviveram com o magnata, explorando flashbacks e suas relações. O que se vê é seu perfil sendo explorado e exposto aos poucos, mostrando toda sua podridão, ambição e poder de manipulação. Kane tinha o poder da imprensa em suas mãos e tentava usá-la como bem o queria.
Outra estratégia genial da trama, é a busca pelo mistério de Rosebud, a última palavra proferida por Kane antes de morrer (o filme começa com um documentário anunciando a morte do magnata). Um repórter, que sai em busca do significado da palavra, acaba entrevistando algumas pessoas chaves, que são responsáveis por escancarar a vida e visão de Kane. Quanto ao mistério de Rosebud, trata-se de uma armadilha, em muitos sentidos.
Cidadão Kane é uma revolução em termo de roteiro, montagem e edição. Uma história contada de maneira grandiosa, audaciosa. Um enredo que se permanece atual, crítico, ácido. Uma abordagem subjetiva, repleta de cenas memoráveis, que exige muita observação para tentar extrair o que o diretor pretende transmitir. Um trabalho de gênio, que até hoje mantém-se no topo das melhores produções cinematográficas e nas mais controversas e complexas publicações do entretenimento.

Nota: 10,0

3 comentários:

Anonymous coward disse...

Armadilha em que sentidos?

E, a propósito, Don Corleone dava uma surra no Kane com as duas mãos amarradas nas costas.

Lauro Acosta Júnior disse...

Bom, Don Corleone é Don Corleone, mas se não fosse o kane, talvez Don não fosse ser tão fodão assim. Citizen kane foi um dos grandes propulsores da paixão pelo cinema de muitos cineastas, inclusive Copolla

Anonymous coward disse...

Eu procurei por uma dúzia de entrevistas do Coppolla, e não achei uma em que ele dissesse que kane foi uma influência pra ele. De onde você tirou isso?